22 de outubro de 2014

A vadia que existe dentro de mim






Desde pequena fui ensinada a me comportar da forma “correta”, pois eu tinha que mostrar para os outros (sempre os outros) que eu era uma menina direita.

Mas que diabos é uma menina direita?

Segundo o machismo da nossa sociedade coxinha, que é passada por nossas mães e imposta pela maioria dos homens ao nosso redor, ser uma menina direita consiste em:

·         Ser educada, recatada, meiga, gentil e nunca dizer palavrões;
·         Meninas direitas não ficam na rua, muito menos conversam com meninos no portão;
·         Nunca, jamais, nem pense em beijar meninos antes da hora certa (hora certa seria o dia do casamento?), mas assim se você ficar com garotos, não fiquem com muitos, pois uma menina direita não é vadia (ou rodada, chamem como quiser)
·         Nunca, nunca, nunca mesmo fale de sexo. Ou pense. Fazer sexo antes do casamento é sua ida sem volta para o inferno.
·         Não existe problemas em você estudar, fazer uma faculdade e ter uma carreira, mas lembre que o importante mesmo é ser uma ótima esposa, maravilhosa dona de casa, ser uma excelente mãe e sempre que seu marido quiser, transe como uma vadia.

Querendo ou não, em algum ponto da nossa vida, nós mulheres sofremos em diversos aspectos, sendo o maior tabu a nossa vontade sexual. Meninas jamais devem falar sobre nada relacionado a sexo, mas se você fala, ah a culpa é da sua mãe, que não te trancou em casa e deixou você ser a putinha que você é.

Nem vou expressar o meu nojo sempre que ouço esses comentários machistas e que remetem as mulheres a seres submissos que só nasceram para cuidar dos outros.
Se ter a liberdade de falar e fazer tudo que eu quero na hora que eu quero me faz uma vadia, então eu sou uma vadia.

Eu falo de sexo sim! Falo com minhas amigas que estou com vontade de dar, que por determinado cara eu daria sem pensar duas vezes e nem perguntaria seu nome. Fico com mais de um cara na mesma noite, não pergunto nome e se pergunto, depois de cinco minutos eu já esqueci. 

Uso o tipo de roupa que quero. Se está um calor do inferno é óbvio que eu vou tirar do meu guarda-roupa os seus vestidos ou vou para a faculdade com uma saia um pouco mais curta. O meu jeito de se vestir não te da o direito de fazer o que quiser comigo. Quem diz isso sou eu e vai ser do jeito que eu quiser. 

Posso fazer doce ou dar o que eu quero (e o cara também) rapidamente. Isso só depende de mim e não das minhas roupas, forma de agir e de falar.

Danço do jeito que quero na balada, se o cara acho que estou o provando, querido, isso não é meu problema. Controle aquilo que existe dentro das suas calças, porque eu vou continuar descendo até o chão, dançando com as minhas amigas, porque o meu objetivo principal era dançar e me divertir, não ser a sua transa da noite, mas se isso rolar, pode acreditar que vai acontecer porque eu também estava querendo muito.

Talvez isso tudo pode fazer de mim uma vadia nos olhos de algumas pessoas, mas eu realmente não me importo. Eu continuo fazendo com o meu corpo aquilo que eu quero e no final das contas isso que importa.

Não deixe que os outros (principalmente essa sociedade coxinha) faça escolhas por você. Deixe a vadia dentro de você falar mais alto e simplesmente se divirta!

Um comentário:

  1. "porque o meu objetivo principal era dançar e me divertir, não ser a sua transa da noite, mas se isso rolar, pode acreditar que vai acontecer porque eu também estava querendo muito."

    É exatamente isso que os homens e principalmente as OUTRAS MENINAS esquecem: que se formos para cama com alguém é porque, PRINCIPALMENTE, NÓS QUERIAMOS !!! :)

    Muito bom seu texto, muito bom seu desabafo, eu me sinto exatamente da mesma maneira e creio que 99% das meninas de hoje também. Estamos cansadas de sermos vitimizadas pelas regras de conduta que não nos dizem respeito em nada, que parecem que estão acima e dentro de nós a partir do momento em que nascemos mulheres.

    Comprei um livro ontem mesmo chamado "Promiscuidades - A luta secreta por ser mulher" de Naomi Wolf, escrito nos anos 90, bem quando as mulheres estavam começando a se rebelar contra os antigos machismos. Embora esteja lendo pedaços soltos, de trás pra frente, e não como uma história, recomendo totalmente.

    www.elnomadiando.blogspot.com.br

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