Em nenhum momento da minha curta e tediosa vida eu
parei por algum momento e disse com todas as letras “eu sou feminista”. Nunca
me vi como uma feminista ativa e muito menos passiva, sempre tive uma visão bem
clara sobre quem eu era: uma menina que não aceitava essa divisão entre coisas
de meninos e coisas de meninas. Eu queria fazer coisas que fossem legais,
independente se fosse brincar de boneca ou de bola.
Cresci com três irmãos e sempre invejei a liberdade que
é dada aos garotos. Eles podem fazer de tudo: jogar bola, empinar pipa, ficar
na rua o dia inteiro, andar sem camisa dos dias de muito calor.
Já as meninas tinham que brincar de casinha, comidinha,
de ser mamãe... Só situações que remetem ao nosso “futuro’: ser uma dona de
casa e mãe dedicada. Mas eu não queria aquilo. Claro que eu amava minhas
bonecas bebê, fazer comidinha e sonhava em ter a casa da Barbie, mas eu também
queria jogar bola sem que ninguém me chamasse de Maria Macho.
O começo da minha adolescência foi a parte mais
difícil, pois eu andava muito com os garotos, não me preocupava nem um pouco
com a minha aparência e o pior: eu usava muito o humor. Existe alguma regra
idiota que ninguém nunca falou, mas que muitas pessoas seguem: meninas bonitas
e interessantes não são engraçadas. Isso não é papo furado, tanto que no começo
do humor aqui no Brasil mulher só podia ser comediante se fosse feia. Humor não
era algo digno para as bonitas.
Eu era a menina que falava muito, que ria alto, contava
piadas sujas, falava palavrões sem nenhum problema e que achava uma besteira
essa papo de tabu. Eu fazia aquilo que eu queria a achava que não ia prejudicar
a minha nem a vida de ninguém. Eu só queria ter aquela liberdade que os meninos
tinham e achava que as outras meninas não faziam aquilo porque eram preguiçosas
para se impor ou porque não queriam mesmo, mas essa era uma opção delas. Eu já
tinha feito a minha. Eu acreditava na igualdade de sexo, mesmo nem sabendo
direito sobre isso, mas minha visão foi mudando ao decorrer dos anos.
Fui ficando mais velha e fui descobrindo que nós
mulheres somos culpadas por várias coisas e que temos que seguir malditas
regras que não fazem o mínimo sentido, para que no final de tudo sejamos as
mulheres feitas para casar.
Fomos criadas para sermos machistas, nossas mães nos
ensinaram que devemos nos vestir apropriadamente, devemos ter certa postura e
se eu não seguir essa doutrina, todo o tipo de violência, tanto verbal como física,
a única culpada será a mulher que vestiu uma saia mais curta.
Vai tomar no cu você e suas regras.
Eu não vou seguir nenhuma doutrina baseada em conceitos
machistas e muito menos no que um bando de feministas que dizem que eu não devo
me depilar ou como devo agir com o meu corpo.
Eu ouço e passa por situações embaraçosas todos os dias
pelo simples fato de ter nascido com uma vagina, mas isso não me faz fraca,
pois eu não sou o sexo frágil. O que eu tenho no meio das minhas pernas me faz
ser forte e não vai ser ninguém e nada que vai me fazer baixar a cabeça.
Vou continuar vestindo as roupas que eu quero, sendo
elas mais “masculinas” ou “provocativas”, vou continuar sentando com as pernas
abertas, vou falar palavrões, discutir sobre futebol e não deixar nenhum cara
crescer para cima de mim e achar que pode me tratar do jeito que quer.
Eu não sou uma propriedade, eu sou a porra de uma
mulher que merece todo o respeito, pois minha pussy é o poder!
Nossa palmas pra você,tu disse tudo que eu penso e mais um pouco!.
ResponderExcluirObrigada, Hadassa <3
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